O Maracanã tremeu na noite desta quarta-feira (3) com o grito de “campeão” ecoando por mais de 73 mil vozes rubro-negras. Em uma vitória magra, mas suficiente para selar a história, o Flamengo derrotou o Ceará por 1 a 0 e garantiu seu nono título do Campeonato Brasileiro – o primeiro desde 2020. O gol solitário veio dos pés de Samuel Lino, o atacante que, apesar de uma temporada de altos e baixos, calou as críticas e se eternizou como o herói da noite. Foi a cereja no bolo de um 2025 inesquecível, com a Nação Mengão erguendo taças da Supercopa do Brasil, Carioca, Libertadores e agora o Brasileirão.
Com 78 pontos na bagagem (23 vitórias, nove empates e cinco derrotas), o Mengão abriu cinco de vantagem sobre o Palmeiras, que até venceu o Atlético-MG por 3 a 0 no mesmo dia, mas ficou pelo caminho. O Vozão, lutando contra o rebaixamento, jogou recuado e não ameaçou a meta de Rossi, mas mereceu aplausos pela garra. “É um título que coroa o trabalho de todos. A ficha ainda não caiu”, admitiu o técnico Filipe Luís, em sua estreia como treinador principal, com um sorriso que misturava alívio e euforia.
O Jogo: Domínio Rubro-Negro e Gol que Vale Ouro
O Flamengo entrou em campo já como virtual campeão, mas precisando dos três pontos para selar a conquista matemática. Diante de um Ceará barricado – com linhas baixas e foco na defesa –, o time da Gávea trocou passes intermináveis no primeiro tempo, finalizando mais de fora da área que de perto do gol. A torcida, impaciente com o zero a zero, vaiou as chances perdidas, mas a paciência foi recompensada aos 37 minutos: Samuel Lino, após belo lançamento de Arrascaeta, invadiu a área e tocou na saída do goleiro Bruno Ferreira. 1 a 0 – e o estádio explodiu.
No segundo tempo, o desgaste das comemorações da Libertadores (conquistada no sábado, 29, contra o Peñarol) pesou. O Mengão baixou o ritmo, administrando o placar com maturidade, enquanto o Ceará, sob o comando de Léo Condé, trocou peças para tentar uma reação – entradas de Mugni, Vina e Fernandinho deram mais criatividade, mas pararam na solidez da defesa flamenguista. “Mostramos inteligência. Não precisávamos de mais gols, mas de controle”, analisou Filipe Luís pós-jogo.
Escalações para o histórico:
- Flamengo: Rossi; Wesley, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Erick Pulgar, Jorginho e Arrascaeta (Gerson); Luiz Araújo (Bruno Henrique), Pedro e Gonzalo Plata (Samuel Lino). Técnico: Filipe Luís.
- Ceará: Bruno Ferreira; Fabiano Souza, Marcos Victor, Éder e Rafael Ramos; Dieguinho (Mugni), Zanocelo (Vina) e Fernando Sobral (Lourenço); Galeano, Paulo Baya (Fernandinho) e Pedro Raul. Técnico: Léo Condé.
Um Ano de Ouro: Da Supercopa à Libertadores, e Agora o Brasileirão
Essa conquista não é isolada – é o ápice de uma temporada que o Flamengo sonhava, mas poucos ousavam prever. Começou com a Supercopa em fevereiro, seguiu com o Carioca em abril e explodiu com a Libertadores no fim de novembro. Somando ao nono Brasileirão (1980, 1982, 1983, 1987, 1992, 2009, 2019, 2020 e agora 2025), o clube carioca repete o “dobradinha” de 2019, unindo América do Sul e Brasil.
O presidente Rodolfo Landim não economizou nas provocações: “Para o desespero dos hipócritas que nada sabem, mais um título. É o Flamengo sendo Flamengo!” A premiação milionária (estimada em R$ 70 milhões só pelo Brasileirão) e a vaga direta na Supercopa 2026 coroam o ciclo. Mas o foco já vira para o Mundial de Clubes: estreia contra o Cruz Azul na quarta (10), no Qatar.
Para os torcedores, foi puro êxtase. “É como se o tempo parasse. Esse time nos faz sonhar de novo”, disse um fã no Maracanã, enquanto fogos iluminavam o céu. Samuel Lino, contestado por gols escassos apesar do alto investimento, vira ícone: “Dedico à minha família e à torcida que nunca duvidou.”
O Legado: Filipe Luís, o Ex-Jogador que Virou Maestro
Sob o comando de Filipe Luís – que assumiu interinamente e agora negocia permanência –, o Flamengo mostrou resiliência. “Quero renovar e construir mais”, afirmou o treinador, ex-zagueiro rubro-negro. O último jogo da temporada, contra o Mirassol no domingo (7), deve ser com reservas, preservando estrelas para o Mundial.
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