Paraná registra a 4ª menor taxa de pobreza do Brasil e consolida-se como referência nacional em redução de desigualdade
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no dia 3 de dezembro de 2025, a Síntese de Indicadores Sociais 2024, um dos levantamentos mais completos sobre a realidade socioeconômica do país. Os números colocam o Paraná em posição de destaque: o estado tem a quarta menor proporção de pessoas vivendo em condição de pobreza no Brasil, com apenas 13,7% da população com rendimento domiciliar per capita inferior a US$ 6,85 por dia (cerca de R$ 697 mensais em valores de 2024). O índice é quase metade da média nacional (23,1%) e só fica atrás de Santa Catarina (8%), Rio Grande do Sul (11,1%) e Mato Grosso (13,1%).
Na extrema pobreza — linha de US$ 2,15 por dia, equivalente a R$ 219 mensais —, o Paraná também aparece em quarto lugar, com 4,2% da população nessa faixa. Novamente, apenas Santa Catarina (2,4%), Rio Grande do Sul (3,1%) e Mato Grosso (3,3%) apresentam números melhores. A média brasileira é de 3,5%, o que mostra que, mesmo entre os estados mais ricos, o Paraná conseguiu avançar mais que a maioria.
Cinco anos de queda consistente
A evolução é ainda mais impressionante quando comparamos 2019 com 2024:
- Pobreza: caiu 6,6 pontos percentuais (de 20,3% para 13,7%)
- Extrema pobreza: caiu 1,1 ponto percentual (de 5,3% para 4,2%)
Traduzindo em números absolutos, aproximadamente 700 mil paranaenses deixaram a linha da pobreza nesse período e cerca de 120 mil saíram da extrema pobreza. Considerando que a população do estado é de cerca de 11,6 milhões de habitantes, trata-se de um impacto social de grande escala.
Curitiba, por sua vez, reforça o bom desempenho estadual: a capital paranaense registrou apenas 1,6% de extrema pobreza, o segundo menor índice entre todas as capitais brasileiras, perdendo apenas para Florianópolis (1,2%). A média das capitais é de 8,6%, o que evidencia o abismo entre a realidade da Região Sul e a de grande parte do país.
Por que o Paraná conseguiu esse resultado?
Analistas do IBGE e do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) apontam três grandes motores dessa redução:
- Mercado de trabalho forte e formal O Paraná terminou 2024 com taxa de desemprego abaixo de 6% (uma das menores do país) e recorde histórico de empregos com carteira assinada. A renda média do trabalho cresceu acima da inflação em quase todos os setores, especialmente na agroindústria, logística e serviços.
- Programas sociais mantidos e ampliados O Bolsa Família (e seu antecessor Auxílio Brasil/Auxílio Emergencial) continuou sendo fundamental para as famílias de mais baixa renda. O Paraná tem uma das maiores coberturas proporcionais do programa no Sul e Sudeste, com repasses mensais que, em muitos casos, representam mais de 50% da renda familiar.
- Crescimento econômico inclusivo Diferente de períodos anteriores, em que o crescimento beneficiava principalmente as camadas mais altas, os últimos anos mostraram ganho real de salário em todas as faixas de renda. A agropecuária forte, a expansão industrial no norte e oeste do estado e os investimentos em infraestrutura (duplicações de rodovias, novos aeroportos regionais) geraram empregos também no interior.
Jovens “nem-nem”: outra vitória silenciosa
Outro dado que passou quase despercebido, mas merece celebração: o número de jovens paranaenses de 15 a 29 anos que “nem estudam nem trabalham” caiu de 474 mil em 2019 para 374 mil em 2024 — redução de 100 mil pessoas, ou 21%. No mesmo período, a taxa nacional de “nem-nem” ficou praticamente estável. Programas como o Primeiro Emprego (do governo estadual) e a ampliação de cursos técnicos gratuitos pelo Tecpar e Senai ajudaram a explicar esse movimento.
O contraste regional ainda é gritante
Embora o Brasil como um todo tenha registrado em 2024 o menor patamar de pobreza da série histórica iniciada em 2012 (48,9 milhões de pobres, 8,6 milhões a menos que em 2023), as desigualdades regionais permanecem profundas:
- Sul: 11,2% de pobreza
- Centro-Oeste: 15,4%
- Sudeste: 18,8%
- Norte: 35,9%
- Nordeste: 39,4%
Ou seja, enquanto um catarinense tem 80% menos chance de ser pobre do que a média nacional, um maranhense ou alagoano tem quase o dobro da probabilidade.
O que vem pela frente?
Especialistas alertam que 2025 será um ano de teste. Com o fim do ciclo de alta dos preços das commodities agrícolas (principal motor do crescimento paranaense recente) e a possível desaceleração do consumo por causa dos juros ainda elevados, o estado precisará manter políticas públicas focadas na base da pirâmide. A continuidade da geração de empregos formais e a ampliação de programas de qualificação profissional serão decisivos para que a pobreza não volte a subir.
Mesmo assim, o cenário é otimista. Jorge Callado, presidente do Ipardes, resume: “O Paraná provou que é possível crescer economicamente e, ao mesmo tempo, reduzir desigualdades de forma sustentável. A renda do trabalho foi o grande protagonista dessa história — e isso é o que há de mais sólido para quem quer combater a pobreza de verdade.”
Com a quarta menor taxa de pobreza e a quarta menor taxa de extrema pobreza do país, o Paraná entra em 2026 como exemplo concreto de que desenvolvimento econômico e justiça social podem — e devem — andar juntos.de trabalho forte é o caminho mais sólido para reduzir a pobreza de forma sustentável. 📊⬇️






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